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Jordão Beleze 1º
Após as demarches pela emancipação política de Cambira, e vencidos todos os obstáculos, no dia 15 de outubro de 1961 procedeu-se a eleição para Prefeito e Vereadores do novo Município de Cambira, sagrando-se Prefeito o Sr. Jordão Beleze. Homem simples, bastante ligado aos movimentos religiosos, bem como conceituado produtor de café no Município, de fala mansa e amiga, sem muito pendor para a oratória, procurando buscar o diálogo ao pé do ouvido, como se diz popularmente.
nasceu em Bernadino de Campos - SP., no dia 08/09/1914, era casado com a Sra. Adélia Moura Beleze. Sua vinda para Cambira deu-se em 1955, mas seus irmãos Ricardo, Luiz e Antônio já estavam radicados na Fazenda São Sebastião, existente em nome dos herdeiros nos dias de hoje. Foram pioneiros na produção de tijolos, serraria e no comércio de café e cereais em Cambira, impulsionando o progresso do Município em vários setores, gerando empregos e renda para o Município.
Um fato digno de registro foi a dispensa, por parte do Prefeito e dos vereadores, de seus subsídios no ano de 1962, visando assim dar condições financeiras para que o novo município pudesse caminhar.
A primeira Câmara de Cambira:
Era presidida pelo Sr Eros Boscardin Torres, e era composta ainda pelos vereadores: Domingos Carlos, José Belini, Efigênio de Almeida Lima, Henrique Laverde , Antônio de Souza Garcia, João Alves Dias, Cristino Franco e Luiz Beleze. Por motivo de enfermidade do sr. Domingos Carlos, assumiu diversas vezes como suplente o sr. Júlio Sapatini. Com a eleição indireta do sr. José Belini para vice-prefeito, empossado em 17/03/1964, ocupou sua vaga o sr. Luiz Avanci.
Todos foram empossados pelo Dr. Jorge Andriguetto, Juiz Eleitoral da Comarca de Apucarana.
Apucarana mantinha em Cambira uma Agência Arrecadora de Impostos, tendo o Sr João Isaque como funcionário responsável. Com a sua desativação, todos os pertences foram recolhidos à Prefeitura de Apucarana, e para poder dar início à sua administração o Sr Jordão Beleze iniciou do nada, estabelecendo-a numa casa de madeira cedida pelo Sr Cylas Assis Marinho, dono de uma padaria e cuja esposa, D. Emilia Macedo Gama, era a agente do Correio local. Formou sua equipe de trabalho tendo como Secretário o Sr Osvaldo Marrez; Contador o Sr Carlos Sartori, posteriormente substituído pelo sr. Ryan Mattos do Lindo; Tributador o Sr Antônio Humberto de Souza; Fiscal Fazendário o Sr José Ferreira; Inspetora Municipal de Ensino sua esposa Adélia Moura Beleze; Chefe do Setor de Estradas o Sr Lindolfo Nogueira.
O zelador do cemitério, Sr Raimundo Barbosa, funcionário do Município de Apucarana e aqui residente, permaneceu nas suas funções, sendo designado ainda para o cargo de zelador da Câmara. Esta tinha como seu 1º Secretário o Sr Oscar Andrade Ferreira, por muitos anos guarda-livros de empresas locais, com muita competência.
Tempos dificílimos foram aqueles. O Município, sem rendas, sem maquinários ou veículos para execução dos serviços, teve que valer-se da boa-vontade e empenho dos seus cidadãos, realizando mutirões com trabalho pessoal dos munícipes para serviços de conservação de estradas. Com a compra de um caminhão GMC e a aquisição de uma motoniveladora, entregue pessoalmente pelo Deputado João Antonio Braga Cortes, que viabilizou os recursos para tal fim, começaram a desenvolver-se os serviços, graças ainda à dedicação do motorista Carlos Carreira e do operador Dimas, que não mediam hora ou esforços para bem executar suas tarefas.
Como a cidade era pequena, não tinha asfalto e nem varrição de ruas, a coleta de lixo domiciliar era feita pelos Srs. Francisco Assolari e Alvino Barbosa, por uma carroça puxada pela mula “Boneca”.
Com a saída do Sr. Osvaldo Marrez da Secretaria, o Prefeito foi buscar em Apucarana a experiência do Sr Haroldo Victor Lôr, ex-cartorário naquela cidade. Isto no início de 1964. Posteriormente, com a saída de dois funcionários, fui convidado pelo mesmo a trabalhar na Prefeitura, sendo admitido por ato do Prefeito em 08/10/1964.
Mister se faz registrar o sistema de trabalho do Sr Victor Lôr. Levantava às 04 (quatro) horas da manhã, fazia e tomava seu café e se dirigia à Prefeitura. No silêncio da madrugada, debruçava-se sobre o mapa do Município, obtido junta à Cia. Melhoramentos Norte do Paraná e que até hoje é utilizado para fins cadastrais, e aí ia assinalando, anotando e conferindo o cadastro dos imóveis rurais com as 200 fichas existentes, elevando o cadastro para 1.300 imóveis. Aberto o expediente normal, incumbia-me de passar os dados à ficha cadastral. Organizou também o Cadastro Urbano; elaborou leis importantes, como Código Tributário; Código de Posturas; Lei de Zoneamento e de Obras; Quadro de Pessoal efetivo e estatutário; providenciou o alinhamento e nivelamento das vias públicas, e com os meios-fios fabricados na Garagem da Prefeitura pelo Sr Raimundo e outros, procedeu à implantação dos mesmos nas vias principais, dando início à urbanização da cidade. E sua visão era tão ampla que, ao elaborar o mapa para a Lei nº 8/65, fixando o Quadro Urbano de Cambira, à minha argumentação de que a rua prevista no mapa atingia uma zona cafeeira, respondeu-me que não estava planejando para o momento, mas sim para 30 ou mais anos à frente. Esta rua é hoje a Primavera, no Jardim das Flores, já ultrapassada pelas demais. Usando a máxima de que “de insubstituíveis o inferno está cheio”, embora agnóstico, costumava rascunhar o expediente da Secretaria e em seguida os repassava a mim, a fim de que os datilografando fosse aprendendo a também redigí-los. Sua falha maior foi sua total aversão às tarefas na zona rural, deixando a cargo do Prefeito e sua equipe toda e qualquer atividade ligada a esse setor.
Escorado por uma boa equipe, o Sr Jordão Beleze pôde dedicar-se de forma mais assídua aos contatos com a área política da capital, embora os recursos a nível estadual fossem bastantes escassos. Adquiriu um jeep Willys Overland, ano 1963 para o serviço interno; providenciou a construção de Escolas em locais onde se fazia necessário; construiu pontes; manteve a conservação das estradas, e no crepúsculo de seu mandato adquiriu um caminhão Ford F-600 zero Km, basculante, com recursos do Fundo de Defesa do Café.
Por disposição federal, no dia 17/03/1964 a Câmara Municipal elegeu dentre seus membros o Sr José Belini para o cargo de Vice-Prefeito Municipal de Cambira, assumindo a sua vaga o vereador Luiz Avanci. Também atuaram como vereadores os suplentes Júlio Sapatini e Luiz Felipetto.
Em função de seu temperamento calmo, cordial, e dotado de personalidade própria, o Sr. Jordão Beleze não teve constrangimento e nem receio em entregar nas mãos do Secretário Victor Lôr, que também exerceu a função de Secretário da Câmara, total liberdade de ação na parte administrativa interna da Prefeitura, tamanho era o entrosamento de suas idéias e objetivos, sem com isso arranhar seu prestígio político ou sua reputação como administrador, visto que tudo era feito com seu conhecimento e aprovação.
Uma das obras importantes de sua gestão foi a construção da Estação Rodoviária de Cambira pelo Sr José Daniel Kiellander, tendo o Município doado o terreno e prestado auxílio para execução da infra-estrutura básica para a execução da obra onde é hoje a Praça do Calçadão.
O Sr Jordão Beleze faleceu em 18/08/1984, sendo denominação ainda de uma praça de Cambira. Sua gestão compreendeu o período 22/10/196l a 22/10/1965.
Mandato de 1961 a 1965
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